A China disse na terça-feira (03/12) que começaria a proibir a exportação de vários minerais raros para os Estados Unidos, em uma escalada da guerra tecnológica entre as duas maiores potências do mundo. A medida ocorre um dia depois que o governo Biden ter restringido o acesso chinês à tecnologia americana avançada.
A proibição sinaliza a disposição de Pequim de se envolver na guerra da cadeia de suprimentos, bloqueando a exportação de componentes importantes usados para fabricar produtos valiosos, como armamentos e semicondutores.
As vendas de gálio, germânio, antimônio e os chamados materiais superduros para os Estados Unidos seriam interrompidas imediatamente, com base no fato de que eles têm usos militares e civis duplos, informou o Ministério do Comércio da China. A exportação de grafite também estaria sujeita a uma revisão mais rigorosa.
A China é fundamental para muitas cadeias de suprimentos globais, mas, em geral, absteve-se de restringir suas próprias exportações durante o primeiro governo Trump, preferindo tomar medidas mais limitadas, como comprar soja do Brasil em vez dos Estados Unidos. Mas as altas autoridades chinesas estão preocupadas com a possibilidade de o presidente eleito Donald Trump planejar políticas mais rigorosas durante seu próximo mandato.
Trump prometeu impor pesadas tarifas sobre os produtos da China e romper ainda mais a relação comercial entre os países. A medida tomada nesta terça-feira, 3 – uma das medidas mais agressivas adotadas pela China para combater as políticas cada vez mais restritivas do governo dos EUA -, pode prenunciar mais conflitos econômicos quando Trump entrar na Casa Branca.
A China produz quase todo o suprimento mundial de minerais essenciais necessários para a fabricação de tecnologias avançadas, como semicondutores. Pequim vem aumentando seu controle sobre os materiais para retaliar as restrições às exportações de tecnologia americana para a China nos últimos dois anos.
China rastreia o uso dos metais na cadeia
Em outubro, a China começou a exigir que seus exportadores de metais de terras raras, usados em tudo, desde semicondutores avançados até bombas inteligentes, revelassem, passo a passo, como os minerais seriam usados nas cadeias de suprimentos ocidentais.
As exportações chinesas de gálio e germânio foram interrompidas por um breve período há um ano, até que as autoridades de Pequim criaram um sistema para aprovar essas transações. As remessas para os Estados Unidos nunca se recuperaram totalmente, forçando os Estados Unidos a depender mais da compra de materiais semiprocessados de outros países, como o Japão, que compram diretamente da China.
A proibição chinesa das exportações de minerais superduros pode provocar um descontentamento especial na comunidade de segurança nacional dos EUA. Essa proibição parece ter como alvo as exportações chinesas de tungstênio, vital para a fabricação de balas e projéteis perfurantes, disse Oliver Friesen, CEO da Guardian Metal Resources, uma empresa londrina que planeja minerar tungstênio em Nevada.
Em setembro, quando o governo Biden ampliou as tarifas impostas por Trump em seu primeiro mandato, ele acrescentou uma tarifa de 25% sobre as importações de tungstênio da China – parte de um esforço para persuadir os usuários de tungstênio nos Estados Unidos a encontrar fornecedores mais confiáveis em outros lugares.
Mesmo antes de a China instituir a proibição na terça-feira (03/12) ela já havia começado a limitar suas exportações gerais de antimônio de forma tão rígida que os preços globais do material dobraram nos últimos três meses.
Os Estados Unidos não extraem seu próprio gálio, usado em semicondutores, desde 1987. O Japão fornece 26% das importações americanas de gálio, a China 21% e a Alemanha 19%, além de vários fornecedores menores.