Hoje ainda estamos presos por uma questão de saúde. Não só dentro de casa, mas limitados a nossas fronteiras, com o brasileiro sendo uma espécie de pária mundial. Sem poder sair, com sonhos sufocados e, pior, renegados internacionalmente pela situação crítica da pandemia do nosso país. Mas como ficam os planos de viagens e intercâmbios interrompidos pela tragédia da covid-19? O que vem depois? Muito em breve, pelo menos é o que se espera, o problema sanitário deve se dissipar, mas as consequências econômicas ainda levarão um tempo para passar. E, neste cenário, o real está entre as moedas que mais se desvalorizaram durante a pandemia.
Nas casas de câmbio, a cotação do dólar, euro e libra bateram as barreiras dos R$ 6, R$ 7 e R$ 8 respectivamente. Uma viagem internacional que antes poderia ser feita a cada dois anos, agora pode levar o dobro do tempo ou mais para se realizar. Além de todas as dores e perdas trazidas pelo coronavírus, o brasileiro médio também deve enfrentar mais este luto, o de ter de abandonar os planos e começar do zero. “Nós juntamos dinheiro para realizar sonhos. O luto é do tempo de juntar o dinheiro para realizar o mesmo sonho. Vai exigir mais trabalho, mais abnegação, mais cortes. São ajustes numa planilha, mas do ponto de vista psíquico é um grande luto, porque você precisa desistir de uma ideia, abandonar um projeto. É uma pequena morte”, avalia o psicólogo e escritor Alexandre Coimbra Amaral.
https://pubads.g.doubleclick.net/activity;dc_iu=/85042905/DFPAudiencePixel;ord=175345529415.63364;dc_seg=6480462852?A classe média que tomou gosto de viajar e ousou se imaginar pelo mundo, quando o dólar e real tinham uma diferença mínima, agora deverá repensar. Como falou o ministro da Economia Paulo Guedes, quando o dólar ainda estava a R$ 4, “não tem negócio de câmbio a R$ 1,80. Todo mundo indo para a Disneylândia, empregada doméstica indo para Disneylândia, uma festa danada. Pera aí”.
A primeira dificuldade é pela perda de renda sofrida por mais da metade da população no primeiro ano de pandemia. A segunda é que as viagens internacionais, de modo geral, vão custar muito mais caro, uma forma de lazer cada vez mais excludente. O casal Wagner Crispim e Larissa Pacheco nunca saiu do Brasil. Mais jovens tiveram de arcar com custos de faculdade, depois fazer a primeira poupança, em seguida o casamento… E o sonho da viagem, que requeria um monte de dinheiro para jovens em início de carreira ficou só para 2020. Foram anos de planejamento, pesquisas, concessões. Tudo para enfim cruzar o Atlântico rumo à Europa e conhecer lugares que só ouviam falar nos livros. Eis que veio a pandemia. Tentaram remarcar as passagens, uma, duas vezes. Agora, depois de tudo que abdicaram, estão sem previsão quando irão conseguir ir até lá.
FONTE: Valor Investe